(Dr. Charles, neurologista, explica a doença)
Ataxia significa incapacidade de coordenação, é a palavra utilizada para designar os sintomas de uma doença subjacente e não uma doença especÃfica ou mesmo um diagnóstico. Sua principal caracterÃstica é a perda de coordenação dos movimentos voluntários, sintoma que faz parte do quadro clÃnico de diversas desordens neurológicas.
Entenda-se por movimentos voluntários por exemplo: Já falei que vou levantar da cama, abrir a janela, beber um gole de café para depois trocar de roupa e correr no parque.
Em outras palavras, Dr. Charles André Carazzo, neurologista explica: ataxia pode ser sintoma de diversas condições médicas ou neurológicas degenerativas do sistema nervoso, que afetam a coordenação das atividades dos músculos esqueléticos e comprometem os movimentos de regiões do corpo – dedos, mãos, braços, pernas, olhos – o equilÃbrio, o tônus muscular, a deglutição e a fala.
A palavra ataxia é também utilizada para nomear uma doença degenerativa do sistema nervoso central, causada por alterações genéticas hereditárias que podem afetar homens e mulheres de todas as idades, indistintamente. Em alguns casos, a desordem pode ser reversÃvel, desde que tratada a doença subjacente que causou o transtorno. Nos outros, os danos são progressivos e os recursos terapêuticos se voltam para controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.
A condição pode ser hereditária ou adquirida. Nas adquiridas, geralmente as pessoas não têm histórico familiar do distúrbio, porque não existe um componente genético envolvido.
Nas ataxias adquiridas, a perda da coordenação pode ter diferentes causas. Entre elas, vale destacar: traumas na cabeça, AVCs, paralisia cerebral, doenças autoimunes (ex: a esclerose múltipla), alguns tipos de câncer (pulmão e ovário, especialmente), infecções virais como a catapora, hipotireoidismo, tumores cerebrais.
A ataxia adquirida pode, ainda, estar associada ao uso de certos medicamentos, a algumas classes de quimioterápicos, à carência de vitaminas E e B12, ao consumo de álcool e outras drogas, ao envenenamento por metais pesados (chumbo e mercúrio) e à exposição a solventes.
Tipos e sintomas de ATAXIA
A ataxia compõe um grupo de doenças raras, pouco conhecidas. Muitas vezes, os portadores da desordem são considerados injustamente pessoas inábeis, desatentas, desajeitadas e até dependentes de álcool, por causa da perda progressiva da coordenação motora (que pode afetar os membros superiores e inferiores) e do equilÃbrio postural na marcha (andar instável e cambaleante, pés afastados como recurso para aumentar a base de sustentação), tendência a tropeços e a tremores musculares, e da fala pastosa e enrolada.
Em geral, segundo Dr. Charles, são também sintomas dessa disfunção que afeta o cerebelo, a dificuldade para realizar atividades motoras que exigem coordenação fina de movimentos (escrever, comer, abotoar a roupa), fala arrastada e lenta, dificuldade para articular palavras (disartria), diminuição do tônus muscular (hipotonia), oscilação rápida e involuntária dos globos oculares (nistagmo), dificuldade para engolir (disfagia). Eles podem instalar-se aos poucos ou subitamente.
Como se vê, os sinais clÃnicos variam muito e estão diretamente correlacionados com a idade em que aparecem e com o tipo e evolução da desordem, que pode afetar todas as partes do corpo e causar problemas graves de saúde.
Nos estados mais avançados do distúrbio, a locomoção e o equilÃbrio podem estar tão prejudicados que a pessoa vai depender de cadeira de rodas ou andadores para movimentar-se.
Dr. Charles afirma que sempre que possÃvel, a prática de exercÃcios fÃsicos deve ser mantida, uma vez que, entre outros benefÃcios, ela é fundamental para fortalecer os músculos e preservar a flexibilidade das articulações.
À medida que a perda gradual dos movimentos progride, bengala, andador, andarilho, cadeira de rodas, cadeira de banho são dispositivos necessários para auxiliar a marcha das pessoas portadoras de ataxia.
 Dr. Charles André Carazzo, é médico neurologista e atende na Saúde Center ClÃnica de Tapejara. Informações pelo telefone 3344-3600.