“Por que eu estou nervosa? Ai meu Deus! São cinco horas da manhã e eu aqui, de olhos abertos! O despertador vai tocar à s sete… “Trim!!!!” Ah, não, agora que eu consegui pegar no sono vou ter que levantar… Preciso descansar, mas, se me atrasar para o trabalho, o estresse vai ser maior! Olha só: engordei! Mas não mudei minha alimentação… Que calor é esse?! Todo mundo de casaco e eu aqui suando! Ai meu Deus, começou de novo: esse calor subindo até o alto da cabeça! Já estou aqui na redação, quero ligar o ventilador, o ar condicionado, mas está todo mundo com frio! Ih, fiquei menstruada! Acho que hoje vou conseguir dormir…” (Sandra Malafaia)
Em se tratando da ação dos hormônios na vida das mulheres, isso pode ser explicado seja na puberdade, gravidez, tensão pré-menstrual (TPM) ou menopausa, eles, com certeza, são parceiros fiéis.
A Dra. Morgana Regina Rodrigues, médica endocrinologista explica melhor:
Puberdade
Na puberdade, o corpo da menina começa a dar sinais de mudança, ela já se compara com as outras e fica meio sem saber se é criança ou mulher. Tudo isso aliado às variações hormonais.
No Brasil, cuja população é composta por várias raças, as meninas fazem geralmente a sua primeira menstruação entre os 11 os 13 anos. Nesta época, não existe ovulação e, então, há predomÃnio do estrogênio sobre a progesterona. O estrogênio irá atuar no desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários: crescimento de mamas, distribuição da gordura corporal tipicamente feminina; enquanto os androgênios, inicialmente da suprarrenal e depois dos ovários, fazem aparecer os pelos axilares e pubianos.
TPM
Nervosismo, raiva, ansiedade, irritabilidade, baixa autoestima, depressão, distúrbios do sono e aumento de conflitos interpessoais são alguns dos sintomas da tensão pré-menstrual. Pesquisas recentes mostram que a TPM está mais relacionada à transmissão de substâncias no plano cerebral. Quando se associa antidepressivo que estimula o nÃvel de serotonina, há melhora dos sintomas.
Gravidez
Já na gravidez, a quantidade de estrogênio e progesterona aumenta bastante. Por isso, quando a criança nasce algumas mulheres podem ter depressão pós-parto. Isso acontece devido à queda hormonal, que também está ligada à diminuição de serotonina no cérebro.
Menopausa
Mas é a Menopausa – cessação da menstruação – que mais tem chamado a atenção. A verdade é que, desde o começo dos tempos, ela nunca foi tão estudada, discutida e mencionada como na atualidade.
Reposição Hormonal
Calcula-se que mais de 1/3 da vida feminina esteja na pós-menopausa. Por isso, há necessidade de se começar a pensar numa reposição hormonal não podendo separar a mulher do tipo de vida atual. Vai se viver cada vez mais na menopausa e deve-se viver bem, não vegetar.
É preciso deixar de lado a ideia da reposição hormonal como um “bicho de sete cabeças”. Existem hormônios e hormônios; não se pode colocar todos no mesmo saco. Quando se substitui os hormônios exatamente iguais aos das mulheres, seja estrogênio ou progesterona, na quantidade ideal para cada uma delas, a qualidade de vida melhora muito.
Além disso, a aparência fÃsica da mulher que faz reposição hormonal pode ficar mais jovem, já que o estrogênio é responsável pelas curvas na cintura do sexo feminino.
BenefÃcios
O estrogênio contribui para que a mulher durma melhor, atua contra as ondas de calor comuns nas alterações hormonais, entre outros benefÃcios.
Na menopausa, além da consequência da idade, há também uma acomodação diferente da gordura corporal. A mulher, que até então não possuÃa gordura localizada no quadril, começa a ter; e a tendência se estende ao abdômen. Isso não tem apenas importância estética, mas também na saúde, pois pode acarretar resistência à insulina, pressão alta, aumento nos nÃveis de triglicerÃdeos, gordura em vÃsceras e no fÃgado, além de maior risco de doença cardiovascular.
Outros problemas da não-reposição hormonal: ressecamento vaginal, diminuição da libido (devido à perda de testosterona – outro hormônio secretado pelos ovários), perda de cálcio nos ossos, maior tendência a desenvolver Mal de Alzheimer e câncer de colo do intestino.
O Tratamento
O primeiro problema na mulher é a falta de progesterona, a qual gera irregularidade menstrual. Portanto, este é o primeiro hormônio a ser reposto. Com isso, a mulher volta a obter os ciclos regulares. Mas chega um dia em que deixa de menstruar, mesmo com a progesterona. Isso significa que também está faltando o estrogênio e é chegada a hora de repor os dois hormônios.
Em alguns casos em que a menstruação constitui um problema, como enxaqueca, muita cólica, sangramento abundante, pode-se tentar um tipo de reposição em que não exista sangramento. Como a quantidade de estrogênio prescrita é a mais baixa possÃvel e a de progesterona é a ideal para a proteção do útero, esse sangramento costuma ser pequeno, sem maiores problemas associados.
Por Quanto Tempo?
Muitas mulheres perguntam por quanto tempo devem fazer a reposição. Enquanto elas estiverem realizando seus exames de seis em seis meses e sendo orientadas pelo ponto de vista médico, os hormônios devem ser continuados para manter a qualidade de vida.
A questão do tempo é medida apenas com relação ao começo, pois não se inicia em mulheres mais velhas, depois de já estarem cerca de dez anos na menopausa.
A Dra. Morgana Regina Rodrigues, endocrinologista, é integrante do corpo clÃnico da Saúde Center ClÃnica. Informe-se pelo telefone 3344-3600.