Dra. Elenice explica porque não devemos insistir
É sempre assim: Os pais querem que os filhos comam como, quando e quanto eles quiserem.
Mas na verdade obrigar uma criança a comer não é ético e educativo. O objetivo não é que a criança coma e sim que queira comer, e que queira comer de forma saudável, e isso não se consegue com a coação, com a pressão, com a insistência, prêmios e castigos. A criança é a única que sabe quanto deve comer.
Se a criança não os quer e a forçamos a comer, dificilmente escolherá por vontade própria no futuro já que justamente forçar a comer provoca aversão e repúdio aos alimentos aos que foi obrigada a comer, diz a pediatra Dra. Elenice Mariotto Blaya.
A Academia Americana de Pediatria já alertava no final dos anos 70 no Pediatric Nutrition Handbook que o apetite da criança “é errático e imprevisÃvelâ€, e diz que não se deve forçar a comer em casa e no colégio. “Somente a criança sabe do que precisa através de um experimentadÃssimo mecanismo que há milênios funciona à s mil maravilhas: a fomeâ€.
Sobre as consequências de obrigar as crianças a comer, psicólogos  explicam que com essa ação alteramos a relação das crianças com a comida no presente, mas também no futuro, um fato que influencia também na construção do apego.  Por trás de pacientes com sobrepeso e obesidade, psicólogos observam que costumam existir “histórias de horas intermináveis na mesa, onde ninguém se levantava até o prato estar totalmente vazioâ€, algo que provoca desajustes como chegar à idade adulta com problema para parar de comer quando já se está saciado.
O suborno
“Se você não comer, te levarei ao hospital e terão que alimentá-lo por sondaâ€, “Você não vai levantar da mesa até comer tudo†, “Se você não comer, a mamãe vai ficar tristeâ€, “Se comer tudo vai ficar grande e forte†e “Se não comer a verdura não ganha sobremesaâ€. São recursos infelizes porque significam uma manipulação emocional.
O pediatra entretanto deverá estudar casos pontuais em que há sintomas associadas à verdadeira falta de apetite como apatia, fraqueza, palidez e diarreia.
O que fazer para que a hora da refeição seja um momento agradável? Dra. Elenice recomenda que a primeira coisa que devemos fazer é desligar a televisão e dessa forma aproveitar esse tempo para conversar em famÃlia, evitando que o assunto central seja a refeição. “Da refeição só se fala para parabenizar o cozinheiro. Se seu filho não gosta de verdura, por mais que você lhe diga 20 vezes que está muito gostosa, continuará sem gostar. E precisamos dar exemplos. As crianças aprendem por imitação, de modo que se comemos bem no final elas também o farãoâ€.
E quando uma criança não quer comer, o que podemos fazer?
Segundo a Dra. Elenice: Devemos respeitá-la, da mesma forma que farÃamos com uma pessoa adulta. “Os sinais de auto-regulamentação de fome e saciedade são inatos e nas crianças saudáveis são efetivos no momento de cumprir com seus requerimentos energéticos e nutricionais. Em nosso entorno, com uma disponibilidade abundante de alimentos a qualquer hora e em qualquer lugar, não existe justificativa nutricional para forçar alguém que não quer comer e não tem fome a comerâ€, diz a pediatra.
Dra. Elenice Mariotto Blaya, é Médica Pediatra e integra o corpo clÃnico da Saúde Center ClÃnica de Tapejara. Informações pelo telefone 3344-3600.