Por que o excesso de sal faz mal à saúde?

Cardiologista fala sobre o tema

Dra. Mariza 2

Há mais de cinco mil anos o sal já era usado no Egito e na China, mas com uma função diferente da que lhe cabe hoje: em vez de servir para temperar os alimentos, era usado para conservá-los da deterioração, já que possui característica osmótica, ou seja, retira água dos alimentos e assim evita que bactérias se proliferem. Em tempos sem geladeira, essa era a forma utilizada para conservar a comida, e assim permaneceu até o início do século 20, quando passou a ser usado como tempero.

Ironicamente, se antes a função do sal era manter a qualidade dos alimentos e, consequentemente, a saúde das pessoas, hoje ele recebe o título de vilão e integra a lista dos condimentos prejudiciais à saúde. Isso não ocorre à toa: o consumo excessivo de sal aumenta a pressão arterial.

A cardiologista Dra. Marisa Garcia Rosa, explica que o aumento da pressão ocorre por conta da propriedade osmótica do cloreto de sódio, principal componente do tempero, que atrai moléculas de água para si e leva à retenção de líquidos.  “Quando o sal entra no organismo, ele é absorvido pelo intestino e vai direto para o sangue. Se é consumido em grande quantidade, cai na mesma proporção nos vasos. Como a água do corpo é sugada pelo cloreto, o organismo, na tentativa de manter o equilíbrio e normalizar a falta de água, eleva a pressão arterial para aumentar o fluxo de sangue circulando”, esclarece Marisa.

Acontece que os vasos estão acostumados com um determinado volume sanguíneo circulando em seu interior. Quando a quantidade de sangue circulante aumenta muito, os vasos se contraem para tentar diminuir o fluxo e restabelecer o estado habitual.  A constrição dos vasos de fato diminui a quantidade de sangue circulando no organismo, mas a pressão de bombeamento do coração continua aumentada. “Consequentemente, o órgão não é irrigado de maneira adequada, justamente quando precisa trabalhar com mais intensidade, o que faz com que seu tecido fique mais espesso”, completa Dra. Mariza. A sequência de alterações pode levar a uma série de problemas graves: hipertensão arterial, problemas renais, arritmia e infarto.

 

O lado bom

Esses males não significam que sal e cloreto de sódio devam ser eliminados da dieta. A sua ausência também tem consequências ruins. A necessidade diária de sódio para os seres humanos é de 500 mg, e a ingestão de sal é considerada saudável até o limite de 2 g (aproximadamente 1/2 colher de café) por dia. O consumo médio do brasileiro, contudo, corresponde ao dobro do recomendado.

“O sódio é um dos 22 minerais considerados essenciais na alimentação e tem papel fundamental na manutenção do equilíbrio e distribuição dos líquidos corporais (dentro e fora das células), além de contribuir para a contração muscular e transmissão dos impulsos nervosos e do ritmo cardíaco, permitindo o bom funcionamento do cérebro e o controle adequado das funções vitais do organismo”, explica Mariza.

Quando há uma queda rápida dos níveis de sódio (hiponatremia), os principais sintomas são: diminuição da pressão, confusão mental, letargia, anorexia, convulsões, coma, náuseas, vômitos, câimbras e fraqueza. “Ainda, o sal de cozinha é para nós a principal fonte de iodo. A deficiência dessa substância no corpo pode causar deficiência mental e abortos espontâneos”, completa a cardiologista Mariza Garcia Rosa.

Dra. Mariza Garcia Rosa é cardiologista e integrante do corpo clínico da Saúde Center Clínica de Tapejara. Informe-se pelo telefone 3344-3600.

Share on FacebookTweet about this on TwitterShare on Google+

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *