(A pediatra Dra. Elenice M. Blaya avalia)
O ano de 2019 foi de preocupação para milhões de brasileiros, com o avanço do surto de sarampo para a maior parte do território nacional — no ano passado, os casos se concentraram na região Norte.
Em grande parte, os mais de 10 mil registros confirmados da doença em 2018 estavam ligados à migração de pessoas vindas da Venezuela, país que enfrenta uma crise econômica e problemas graves na saúde pública.
Entretanto, especialistas afirmam que o aumento dos casos de sarampo em 2019 não tem a ver com a Venezuela. O estado mais atingido no surto deste ano foi São Paulo, uma das principais portas de entrada de viajantes internacionais no Brasil e conexão para países sul-americanos.
De acordo com a Dra. Elenice Mariotto Blaya, médica pediatra, o Brasil “retrocedeu algumas décadas” na imunização contra o sarampo. “De uns tempos para cá, nossa cobertura vacinal contra o sarampo caiu mais de 20%. Isso enfraqueceu a nossa blindagem, nos tornando suscetíveis à importação de sarampo. Tivemos casos importados da Europa, por exemplo, onde há um movimento anti-vacinal muito forte.”
O resultado foi que apenas o estado de São Paulo confirmou, até o fim de novembro de 2019, 12,7 mil casos de sarampo, mais do que o total registrado no surto em todo o país em 2018. Em março, o Brasil perdeu o certificado de país livre da circulação do sarampo.
Os números nacionais de 2019, no entanto, ainda estão discrepantes — com cerca de 11,9 mil casos confirmados em todo o território nacional até 9 de novembro. Foram contabilizadas pelo menos 15 mortes de sarampo em todo o país, sendo 14 em São Paulo. Metade das vítimas eram menores de cinco anos.
A epidemia está controlada?
Embora se observe uma curva descendente de casos em São Paulo, ainda é cedo para falar que o sarampo está sob controle no país. “Daqui a para a frente, a gente tem que manter a conscientização. A Dra. Elenice ressalta ainda que “é possível controlar a doença, desde que se tenha altas coberturas vacinais“.
A Dra. Elenice Mariotto Blaya é médica pediatra e integra o corpo clínico da Saúde Center Clínica de Tapejara. Telefone 3344-3600.