Dra. Mariza cita trechos de palestra de médica geriatra
Vários livros e palestras falam sobre o tema. Mas uma palestra em especial chamou a atenção de vários médicos, e em especial, da cardiologista Dra. Mariza Garcia Rosa: ”Como envelhecer?”, ministrada pela Dra. Ana Cláudia Quintana Arantes, geriatra e especialista em cuidados paliativos, autora do livro ”A morte é um dia que vale a pena viver”.
Segundo a geriatra, não existe fórmula para não envelhecer. Para não envelhecer, basta morrer cedo, o que não é, de todo modo, muito pretendido. Se formos afortunados a ultrapassar a barreira da meia-idade, devemos saber envelhecer. Como envelhecer?
As pessoas sabem que, a partir de uma certa idade, passarão por adversidades, mas não se preparam de forma adequada para isso. Ao envelhecer, tomamos providências muito superficiais, como tentar aparentar menos idade, numa tentativa de recuperar vivências que gostarÃamos de ter quando éramos jovens.
Mesmo com o receio do envelhecimento, torcemos para chegar ao final do expediente, a sexta-feira, as férias, a aposentadoria. Muitas pessoas deixam para viver só depois da aposentadoria. Nesse sentido, podemos concluir que torcemos para que a morte chegue mais perto. Quando temos essa percepção do tempo, há algo de errado com a qualidade da escolha do que fazemos com o nosso tempo.
Há uma grande pesquisa, de mais de 70 anos, da faculdade de Harvard que distingue cinco grandes aspectos da vida humana: fÃsico, emocional, social, familiar e espiritual. Foi realizada uma análise sobre o que mais influencia na longevidade. Incrivelmente, o que mais fez diferença na história de sucesso na vida foi a qualidade das relações humanas. Sendo assim, o primeiro passo para viver bem é ser uma pessoa determinada a oferecer e a receber afeto dos outros.
Com o passar do tempo, perdemos coisas que lutamos muito para ter: autonomia e independência. A autonomia é a capacidade de tomar decisões, já a independência é a capacidade de colocar as suas decisões em prática. Por esse e outros motivos, ao envelhecer precisamos ser cuidados e, ao longo da nossa história, construÃmos relações que facilitam ou dificultam esse prazer de cuidar. Além disso, vivemos numa cultura de obrigação de cuidado para com os pais. Com isso, é importante lembrar que não é porque o indivÃduo é idoso e tem cabelo branco que virou ”santo”, ou seja, há uma história construÃda, e as consequências dela frutificam ao receber cuidado por parte dos familiares.
A preparação para o envelhecimento deve passar pela dimensão biológica, que é o que todo mundo já sabe: alimentação saudável e exercÃcio fÃsico são essenciais. Quando há comprometimento com essa dimensão, há capacidade de superar doenças. Temos que ter em mente que o que fazemos com o nosso corpo deve ser o mais correto. Cuidar do corpo não nos isenta da doença, por exemplo. Cuidar do corpo não nos faz viver para sempre. É como fazer o bem: fazemos o bem porque é correto. Se alguém faz o bem para se dar bem, já está fazendo errado.
Além de todos os problemas fÃsicos que podem surgir, há o problema da mente. A demência de Alzheimer, em especial, é uma grande adversidade, pois faz o idoso perder a autonomia antes mesmo de perder a independência. É uma doença incurável e muito frequente. Devemos preparar o cérebro para driblar essa dificuldade, e isso é feito com o aprendizado. Condição de aprender nós temos em qualquer idade. É uma chuva de rejuvenescimento. ”Eu sei fazer tricô”, só vale se fizer ponto novo. Tudo que você já souber, deve fazer algo novo em cima disso. Entre todos os recursos responsáveis por desenvolver conexões no cérebro, o melhor é a música – como cantar num coral, por exemplo. Outro recurso muito importante é a meditação.
Incessantemente, buscamos entender qual o sentido da nossa vida. Devemos parar de perguntar por que estamos aqui, que procura respostas no passado, para perguntar para que estamos aqui, projetando o futuro.
O envelhecimento traz uma bagagem muito rica de reconhecimento do nosso próprio eixo espiritual. O processo de envelhecer é, antes de tudo, um processo muito potente para o ensinamento de ser humano. Desse modo, o último dia de nossas vidas é quando recebemos um diploma de ser humano, assim, a morte é um dia que vale a pena viver.
Com estas palavras da Geriatra Dra. Ana Cláudia Quintana Arantes, a Dra. Mariza G. Rosa alerta que ainda dá tempo! Ainda dá tempo de aproveitar o hoje preparar com serenidade nossa velhice. PENSE NISSO.
Dra. Maria Garcia Rosa é cardiologista, integrante do corpo clÃnico da Saúde Center ClÃnica de Tapejara. Telefone 3344-3600.