O National Institute of Health (NIH), dos Estados Unidos, acaba de iniciar uma pesquisa pioneira para compreender o impacto do uso frequente de smartphones e tablets no desenvolvimento do cérebro de crianças e adolescentes. O trabalho, iniciado a partir do escaneamento do cérebro de crianças entre nove e dez anos de idade, acompanhará ao longo de uma década cerca de 11 mil crianças, distribuÃdas em 21 Centros de Pesquisa.
A iniciativa dos pesquisadores americanos tem como objetivo responder como todo o tempo empregado em frente à s telas afeta a estrutura fÃsica do cérebro. Um estudo como esse, com amostra numérica substancial, poderá fornecer algumas respostas importantes, como quanto tempo eles estão gastando nessa tarefa, quais são as consequências negativas e como se estabelece o vÃcio.
DIFERENÇAS – Os dados preliminares obtidos através de ressonâncias magnéticas demonstraram diferenças significativas nos cérebros de algumas crianças que usam smartphones, tablets e videogames mais de sete horas por dia. As imagens revelaram um afinamento precoce do córtex cerebral, o que significa uma possÃvel diminuição da receptividade de informações sensoriais – visão, audição, tato, olfato e paladar –, uma vez que ocorrem menos estÃmulos durante o uso da tela do que em outras atividades. Revelaram também que as crianças com frequência diária acima de duas horas junto à s telas obtiveram pontuações mais baixas em testes de raciocÃnio e linguagem.
DEPENDÊNCIA – Uma das equipes de pesquisadores que compõe o estudo, está analisando os cérebros dos adolescentes enquanto eles seguem o Instagram. As imagens registadas até o momento captam exatamente quais partes do sistema de recompensas do cérebro são mais ativas durante o uso de mÃdias sociais. Com base nos resultados obtidos até o momento, os cientistas acreditam que o tempo de tela estimula a liberação da dopamina, uma substância quÃmica do cérebro que desempenha um papel crucial nos desejos. Uma relação que pode desencadear um comportamento compulsivo, com caracterÃsticas semelhantes à dependência de drogas.
DEPRESSÃO – Outro levantamento americano, descobriu mudanças repentinas no comportamento e saúde mental de adolescentes nascidos a partir de 1995. O estudo tomou como base pesquisas desenvolvidas desde a década de 1960, com cerca de 11 milhões de jovens, e demonstra como as horas diárias junto ao celular resultou em uma mudança fundamental nas ações e pensamentos das novas gerações. “Eles são a primeira geração a passar toda a sua adolescência com smartphones. Ficamos surpresos ao descobrir que, nos anos seguintes, a porcentagem de adolescentes que relataram beber ou fazer sexo caiu. No entanto, a porcentagem que relatou estar mais sozinha ou deprimida aumentouâ€, revela um dos pesquisadores.
Segundo a pediatra Elenice Mariotto Blaya, todos estes estudos já revelam: é necessário gerenciar de forma mais adequada o uso dessas ferramentas para evitar consequências negativas, principalmente em crianças e adolescentes. Duas horas por dia é o tempo máximo de uso de tela recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria para crianças acimas de seis anos e adolescentes. Sintomas como ansiedade, comportamento violento, transtornos de sono e de alimentação já são verificados pelos pediatras em pacientes que utilizam a tecnologia em excessoâ€, conclui a doutora.
Dra. Elenice Mariotto Blaya é médica pediatra e integra o corpo clÃnico da Saúde Center ClÃnica de Tapejara. Telefone 3344-3600.