A epidemia do cansaço

O Psiquiatra Paulo Lague comenta sobre o assunto

Dr. paulo

O filósofo Luiz Felipe Pondé afirmou: “Nunca vivemos tanto, tivemos que ser tão eficientes e felizes, além de precisarmos acumular tanta coisa”. A neurologista Dalva Poyares, presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono, concorda: “Andamos trabalhando demais e dormindo muito pouco”. Uma pesquisa recente do Ibope dá uma ideia da repercussão desse comportamento: 98% dos brasileiros entrevistados se dizem cansados e 61%, exaustos.

“Por falta de repouso, nossa civilização caminha para a barbárie”, escreveu o pensador alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900). Ele já alertava para a necessidade de às vezes pisar no freio. E, se não visualizamos o impacto imediato no mundo à nossa volta, é nítido que a saúde já começou a pagar o preço.

Para entender melhor os efeitos orgânicos do cansaço, os estudiosos passaram a dividi-lo em três estágios. O primeiro é o cansaço em si, um estado de indisposição após um esforço físico (uma partida de futebol) ou mental (um exame de vestibular). Sentir-se cansado não é razão para pânico. Todo mundo precisa dessa reação para conhecer seus limites. “Em geral, o cansaço tende a desaparecer após uma boa noite de sono“, afirma Dr. Paulo Lague, psiquiatra. Agora, se no dia seguinte você acordar tão ou mais desprovido de energia, é possível que tenha entrado no segundo estágio, a fadiga.

É uma sensação de cansaço persistente, que, além de indicar limites físicos ou mentais ultrapassados, não raro também é sintoma de uma doença – a lista de mazelas associadas vai de anemia a depressão. Nessa fase, a pessoa apresenta dificuldade de concentração, irrita-se com facilidade e queixa-se de dores e fraqueza muscular. “Na maioria das vezes, o cansaço melhora com repouso e lazer. Se não melhorou, é importante procurar um médico para investigar a origem dele”, aconselha Dr. Paulo.

 Cabeça em combustão

Quando a exaustão ocorre particularmente no ambiente de trabalho, ganha outro nome: síndrome de burnout. A síndrome do esgotamento profissional foi descrita pela primeira vez em 1974 pelo psicólogo alemão Herbert Freudenberger. Atinge 30% da população economicamente ativa do Brasil.

“Você desconfia que está a um passo do burnout quando começa a exagerar no uso de estimulantes, como café e refrigerante, para permanecer alerta. Esses artifícios, além de não resolverem o problema, ainda podem causar danos ao organismo”, avisa o psiquiatra Dr. Paulo Lague.

O impacto da exaustão, não só na saúde, mas na produtividade, é devastador. E o problema não para por aí. Castigados pelo cansaço, os trabalhadores tendem a cometer mais e mais erros. Alguns deles de proporções catastróficas.

Identificar o burnout não é algo difícil. Existem pelo menos três sinais claros da condição: queda acentuada na produtividade, apatia e presenteísmo (o indivíduo está fisicamente presente no trabalho mas a mente não está).  Dr. Paulo Lague resume: “Por mais que trabalhe, o profissional nesse estágio não consegue produzir. Muitas vezes ele está presente fisicamente no emprego, mas ausente mentalmente”.

Se alguma luz vermelha acende no painel do carro, é indício de que algo não está funcionando direito. Com o nosso corpo acontece o mesmo. Por isso, preste atenção nos sinais que seu corpo emite. Se você se reconheceu em alguma situação acima, pise no freio e procure auxílio. Os profissionais estão à sua disposição para lhe auxiliar.

Dr. Paulo Lague é médico Psiquiatra e integra o corpo clínico da Saúde Center Clínica de Tapejara. Informações pelo telefone 3344-3600.

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