Dr. Charles André Carazzo fala sobre a incidência
Todos os anos, milhares de brasileiros estão expostos a condições de trabalho que põem em risco a própria saúde. Resultado: em função da atividade profissional exercida, muitos trabalhadores adquirem distúrbios fÃsicos e psicológicos conhecidos como doenças ocupacionais.
Em geral, estamos acostumados a relacionar essas doenças a profissões de risco evidente. Doenças associadas ao trabalho, contudo, obrigam profissionais a se afastarem dos cargos e provocam redução da produtividade em diversos setores econômicos. Nos últimos seis anos, mais de 319 milhões de dias de trabalho produtivo foram perdidos devido a afastamentos, segundo cálculo do Observatório de Saúde e Segurança do Trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT).
Os setores econômicos com mais registros de afastamentos são: atividades de atendimento hospitalar, construção de edifÃcios, administração pública em geral, transporte rodoviário de carga, comércio varejista, restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas.
O Dr. Charles André Carazzo, neurologista e especialista em cirurgia de coluna, afirma que a dor nas costas (dorsalgia) é a doença mais incidente nos postos de trabalho nos últimos dez anos. A Secretaria de Previdência registrou 83,7 mil casos de afastamentos apenas em 2017. Ações corriqueiras como enfrentar situações de estresse, sentar em posição inadequada, passar horas em frente ao computador e carregar peso excessivo são alguns dos fatores que estimulam o aparecimento deste problema. Práticas como fisioterapia e ginástica laboral podem ajudar a preveni-lo.
Em algumas empresas, a equipe de recursos humanos cria estratégias para evitar prejuÃzos com a saúde ocupacional dos colaboradores, tais como ginásticas laborais, pausas intercaladas, atividades leves durante o expediente e canais para suporte em caso de problemas fÃsicos ou emocionais ligados a cada função. Mas infelizmente, em grande parte dos locais de trabalho Brasil afora o funcionário não pode contar com nenhuma assistência desse tipo.
É por isso que o Dr. Charles afirma que grande parte da prevenção acaba nas mãos do próprio trabalhador. Algumas dicas podem ajudar você a não adoecer e ter um melhor desempenho profissional no dia a dia:
* Atenção ao uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual): Máscaras, luvas, respirador, protetor auricular e outros apetrechos são essenciais em ambientes como indústrias, minas e construção civil. Participe com consciência dos treinamentos oferecidos pelas empresas. Os procedimentos podem ajudar a prevenir riscos que resultem em danos irreversÃveis.
* Não fique sem praticar exercÃcios fÃsicos: O trabalho pode cansar, mas praticar exercÃcios melhora a sensação de bem-estar. Reserve um momento diário ou semanal para se exercitar. A OMS recomenda pelo menos 150 minutos de atividades por semana (andar de bicicleta, caminhar ou outros esportes). Encontre uma atividade compatÃvel com a sua personalidade e sua rotina.
* Tenha uma alimentação balanceada: A correria diária induz os trabalhadores a optar por rapidez em vez de qualidade na hora da alimentação, mas o desequilÃbrio pode cobrar um preço alto no médio e longo prazo. Evite alimentos processados. Uma alimentação regular deve conter frutas, vegetais, legumes, grãos e proteÃnas. Fique atento ao alto consumo de sal, açúcar e gordura saturada.
* Durma bem: O sono é importante para recuperar todos os órgãos, manter as energias e consolidar a memória. Sacrificar o sono em nome de trabalhar mais leva à queda na produtividade.
* Faça exames preventivos: Não adianta trabalhar sem ter saúde. Muitas vezes o corpo emite sinais de exaustão que passam despercebidos, e procuramos um médico apenas nas emergências. Exames periódicos são importantes para prevenir e identificar possÃveis doenças antes que o tratamento se torne mais difÃcil e custoso. Não se esqueça de fazer avaliações como hemogramas e testes ergométricos segundo orientações médicas.
O Dr. Charles André Carazzo é neurologista e especialista em cirurgia da coluna. Integra o corpo clÃnico da Saúde Center ClÃnica de Tapejara. Informações pelo telefone 344-3600.